quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

O que será que Ralph, da dupla Cristian e Ralph, quis dizer, quando respondeu no programa Raul Gil da Bandeirantes ao ser interpelado sobre o significado do lenço palestino que usava, da seguinte maneira: "Eu me identifico com a causa palestina. Liberdade acima de tudo, não é gente"? Na sequência, o cantor foi ovacionado pela palestra e recebeu do apresentador , um "isso aí" como resposta.Programas de massa são um problema. É preciso se ter muito cuidado com cada palavra falada. Infelizmente, as camadas populares não tem acesso a uma informação mais abrangente do conflito do Oriente Médio e não sabem distinguir muita coisa entre quem está certo e quem está errado lá. Ou pelo menos, se não é para afirmar que existe o tal "certo e errado", pelo menos digamos que desconhecem as razões do mesmo e seu complexo histórico.É compreensível que Ralph queira justiça para os povos, mas qual o verdadeiro recado que ele está passando ao povão, ao usar um lenço vinculado ao terrorismo palestino e anunciar que é a favor da "causa palestina" e da "liberdade" ?Liberdade para o Hamas? Para que seus mísseis Kassam atinjam universitários em Sderot e bebês em Ashkelon? Para que seus homens-bomba explodam crianças em Tel Aviv em shoppings e pizzarias? Liberdade para quem? Para os soldados israelenses sequestrados por grupos terroristas? Para as mulheres e os homossexuais que são oprimidos sob a égide islâmica? Para os reais inocentes civis palestinos que vivem reféns dos grupos terroristas, ou para Israel cansado de batalhas e de ter que lutar para garantir sua existência? Liberdade para quem afinal?Keffieh - o nome do lenço palestino - virou moda. Grandes artistas o estão usando, alguns sabendo do que se trata, outros não. O fato é que passada a onda "Che Guevara", os "rebeldes sem causa" e os "aparecidos" de plantão foram buscar outra causa "nobre e polêmica" para defender. Mas a Keffieh não é símbolo de uma causa de justiça, da procura de paz e da convivência pacífica. Não é símbolo das aspirações do povo palestino por autonomia, melhoria nas condições de vida, o que for. A Keffieh é símbolo da luta armada palestina, desde os tempos de Arafat, quando este adentrou a ONU, vestido de farda militar e arma na mão, até o Hamas e os Kassanim de hoje, passando pelo Hizbullah e os Katiushas. Fui pesquisar na Internet, antes de escrever este comentário para ter certeza do que falava, e realmente é isto. O turbante é uma indumentária antiga e consolidada no mundo árabe. A Keffieh foi bolada e divulgada por Arafat, o corrupto que manteve seu povo na miséria, enquanto se postava de mártir. Sim, ele, o homem que inventou o terrorismo moderno, que manteve sua mulher sustentada por milhões de doláres em Paris, ao mesmo tempo em que negava um estado e a normalização da vida do seu povo. Este é o criador da Keffieh.Símbolo do terror em todas as suas vertentes. Tradicionalmente é assim. As vermelhas são usadas pelos grupos marxistas, as verdes pelos fundamentalistas e a preta pela OLP. A escolha das cores é óbvia. O vermelho é a cor da esquerda. O verde é a cor do Islã. E o preto remete às camisas negras dos fascistas. As demais cores são as releituras fashion do acessório terrorista. Na Keffieh de Arafat e creio eu (embora disto não tenha certeza absoluta) de outros grupos terroristas, aparecem mini-mapas da "Palestina" onde Israel inteira está englobada. É um símbolo de destruição e morte. Não de paz e convivência. Apologia ao terror. Querendo ou não, esta foi a mensagem que Ralph, com
ovação do público e sustentação de Raul Gil transmitiu. E é muito grave. É fato que ela parece muito mais fruto da ignorância do assunto em profundidade e da repetição de slogans, mas nem por isso deixa de ser perigosa. E de ter efeitos nada agradáveis. Será que Ralph lembrará de clamar pelas injustiças contra os israelenses? Pelo direito do país de existir? Pela causa justa do Estado de Israel de apenas desejar que quando entregue terras aos seus inimigos, como tanto foi pedido por eles, como no caso de Gaza, não receba mísseis em troca? Será que ele conclamará pela http://www.deolhonamidia.org.br/Comentarios/mostraComentarioliberdade de Guilat Shalit? Será que ele conclamará contra a bomba atômica do Irã e as declarações abertas e diretas de seu presidente sobre a destruição de Israel, sobre "varrer o país do mapa"? Vamos além: onde está Ralph que não se manifesta sobre os 500 mil mortos do Sudão, na limpeza étnica promovida pelos islâmicos locais e os dois milhões de expulsos do país? Onde está ele que nada diz sobre a situação do Tibet na mão da China já há décadas? Porque ele não se manifesta sobre o extermínio da minoria ahwazi nas mãos do ditador iraniano? Porque não condena o terrorismo islâmico que tem causado mortes na Índia, Paquistão só para citar os casos mais recentes? Ou tudo isso não é moda, portanto não serve?E ainda: Ralph não deveria se manifestar primeiro pelos esfomeados do Brasil? Pelos explorados, pelos miseráveis, pelo fruto da indústria da seca no nordeste? Pelas vítimas das injustiças sociais, que felizmente não existem em Israel, único país do mundo até onde eu saiba que fornece emprego e sustenta a economia dos civis do seu inimigo?Artistas com forte apelo popular - e se enganam aqueles que pensam que música sertaneja é música de "pobre", não é a preferência das camadas mais cultas da sociedade, mas tem forte penetração nas classes de "A a Z" - levantando a bandeira da causa palestina num programa de auditório em TV aberta. Certamente vivemos num país democrático e todo e qualquer cidadão tem direito de manifestar suas convicções políticas, religiosas, sexuais de forma pública ou privada. Mas será que o Sr Ralph, ao se definir partidário da causa palestina e a clamar por "liberdade", está se referindo exatamente a quem: ao Hamas, ao Hizbullah, aos atentados em Israel, a liberdade de soldados israelenses sequestrados, a liberdade dos palestinos pró-Israel perseguidos em suas aldeias? Será que o Sr Ralph é sabedor ou conhecedor das nuances nas relações israelo-palestinas? Talvez fosse o caso de fornecer alguns detalhes sobre as organizações que lutam pela causa palestina e o que já foi feito por Israel para alcançar a paz e a liberdade de todos os envolvidos. A ignorância é um mal que deve ser combatido em todas as suas formas. E um artista ignorante (da história do povo judeu e palestino) capaz de atingir a massa ignorante (de um assunto tão delicado) é certamente uma combinação perigosa.
Fonte: De Olho na Mídia.
http://www.deolhonamidia.org.br/

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